"Circuitos pelo Património Industrial" em S. João da Madeira


São João da Madeira, na Região Norte de Portugal, integra agora a Rede de Cidades de Turismo Industrial.
Na página eletrónica da Câmara Municipal de São João da Madeira lê-se o seguinte texto:
"«Circuitos pelo Património Industrial» é a mais recente iniciativa promovida pela Câmara Municipal de S. João da Madeira, que, deste modo, pretende projetar e valorizar a cidade no setor turístico, através do seu património histórico e industrial, uma iniciativa completamente pioneira no país. Integrando seis empresas, duas instituições e um museu, o projeto foi apresentado dia 23 janeiro nas instalações do Museu da Chapelaria, numa cerimónia que contou com as presenças de Manuel Castro Almeida e da secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles.
Definindo a Área Metropolitana do Porto, da qual S. João da Madeira faz parte, como uma “enorme cidade” que vai da Póvoa de Varzim a Oliveira de Azeméis, o presidente da autarquia, Castro Almeida, realçou a importância do projeto, na medida em que, com a natural aliança entre o progresso tecnológico e o empenho dos seus industriais, a cidade oferece agora também aos turistas uma nova experiência na área do turismo industrial como já acontece em alguns outros países europeus.
Para a secretária de Estado, o turismo industrial é “um projeto com futuro”, colocando lado a lado dois setores essenciais e líderes da economia nacional. “O mundo está cada vez mais competitivo e temos de saber inovar. Os produtos portugueses destas empresas podem ser usados como portas de entrada em determinados mercados. O grande desafio é criarmos o produto e depois fazê-lo chegar aos turistas”, salientou Cecília Meireles.
Os «Circuitos pelo Património Industrial» integram a fábrica de lápis Viarco, a Helsar e a Evereste, do setor do calçado, a Cortadoria Nacional de Pelo e a Fepsa, da indústria da chapelaria, e a fábrica de etiquetas e passamanarias Heliotêxtil. Ao projeto estão também associados, para além do Museu da Chapelaria, o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado e o Centro Tecnológico do Calçado de Portugal.
A Torre da antiga empresa metalúrgica Oliva funcionará como um «Welcome Center» para os turistas, que, a partir daí, começarão então a viagem pelo património industrial de S. João da Madeira. Nesse local, que está a sofrer obras de adaptação, os interessados poderão vir a agendar as visitas às empresas aderentes do projeto e, futuramente, também está previsto instalar uma loja da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal."
Cidade de fraca tradição turística (para confirmar esta afirmação basta fazer uma de duas coisas: visitar o site da Câmara Municipal e descobrir o que há "para visitar" na cidade ou, mais simples ainda, fazer uma pesquisa no google com as palavras "turismo são joão da madeira") mas de forte pendor industrial, a chamada Capital do Calçado tenta agora, através de uma oferta ainda pouco comum no nosso país, integrar circuitos turísticos e captar visitantes vindos de outras latitudes.

Definição de "Património Industrial", segundo o IGESPAR.
"Projetar e valorizar a cidade no setor turístico, através do seu património histórico e industrial" é o objetivo dos representantes autárquicos de São João da Madeira. Conscientes de que "o mundo está cada vez mais competitivo", são cada vez mais os atores políticos que procuram no turismo a solução para todos os problemas das cidades - uma espécie de fórmula mágica que per se permitirá, supostamente, que cada se promova externamente e projete para lá do seu contexto geográfico mais imediato. Assim esperam esses representantes políticos das cidades.

Se, em São João da Madeira, os responsáveis e inventores deste projeto forem capazes de organizar visitas em que, para além de verem as fábricas, os turistas sejam autorizados a experimentar, a usar as ferramentas industriais, porque não chamar a estes circuitos os "Circuitos Criativos pelo Património Industrial"? Além de fazer parte da Rede de Cidades de Turismo Industrial, São João da Madeira poderia tentar a sua sorte na Rede de Cidades Criativas. Porque não? Afinal, desde que a moda pegue...

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