As maiores cidades do mundo - 2010

Quais são as maiores cidades do mundo? Do que falamos hoje quando falamos de uma cidade? Qual o futuro que podemos prever para as nossas cidades?

Segundo a Organização das Nações Unidas, existiam, em 2007, 19 megacidades – com mais de 10 milhões de habitantes.
Alguns problemas comuns caracterizavam, de forma geral, estes grandes aglomerados urbanos:
•    Coexistência de zonas legais (cidade formal) e ilegais (cidades informal);
•    Residências sem condições mínimas de habitabilidade;
•    Ausência de infraestruturas básicas;
•    Falta de empregos regulamentados – grande presença da economia informal;
•    Elevados níveis de pobreza.

Fonte: http://us.macmillan.com/
No mesmo ano de 2007, Jeremy Seabrook, reconhecido escritor e jornalista, escrevia, no seu livro Cities: Small Guides to Big Issues, o seguinte:

"No one really knows at which point a majority of the world's population will become urban. Has it already occured? Will it happen in the next decade?"






Se, em 2007, havia a dúvida sobre o momento em que a maioria da população mundial seria urbana, sabemos hoje, segundo os relatórios das Nações Unidas, "World Urbanization Prospects: The 2007 Revision" e "World Urbanization Prospects: The 2009 Revision", que 2008 foi um marco crucial: pela primeira vez na história da humanidade, a população urbana igualou a população rural do mundo e, daí em diante, a população mundial seria cada vez mais urbana. De tal forma que, em 2009, a população urbana cruzou a marca dos 50%, sendo agora ligeiramente superior à população rural.


Evolução da população rural e urbana no mundo. Fonte: United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division: World Urbanization Prospects, the 2009 Revision.New York, 2010.
De acordo com estes dados, a população urbana mundial deverá quase duplicar até 2050, aumentando de 3,4 em 2009, para 6,3 biliões de pessoas em 2050. Isto significa que as áreas urbanas deverão absorver todo o crescimento populacional das próximas décadas. Em meados do século XXI, a população urbana mundial será, provavelmente, igual à população total que existia em todo o mundo em 2004.
O crescimento da população mundial será absorvido pelas áreas urbanas das regiões menos desenvolvidas do mundo, cuja população deverá passar de 2,5 biliões, em 2009, para 5,2 biliões em 2050. Estima-se que a população urbana das regiões mais desenvolvidas do mundo cresça de forma muito mais modesta: de 0,9 biliões em 2009 para 1,1 biliões de pessoas em 2050. 
De forma geral, prevê-se que, em 2050, 68,7% da população do mundo seja urbana.
Em 2007, havia 30 large cities no mundo – entre 5 e 10 milhões de habitantes. Em 2009 já eram 32. Para 2025, espera-se que existam 46 destas cidades, que reunirão apenas 6,6% da população urbana mundial. Três quartos destas megacities in waiting estão localizadas nos países em desenvolvimento.
No escalão abaixo – entre 1 e 5 milhões de habitantes – contavam-se 374 cidades em 2009 e esperam-se 506 em 2025. Reunirão 22% da população urbana mundial.
Hoje, há 21 megacidades no mundo - aglomerações com mais de 10 milhões de habitantes. Estima-se que este número cresça para 29 em 2025.


Previsões para 2025. Fonte: United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division: World Urbanization Prospects, the 2009 Revision.

Em 2010, as maiores cidades do mundo eram as seguintes:

Fonte: World Urbanization Prospects. Elaboração própria.











































Prevê-se que, em 2025, as maiores cidades do mundo sejam:

Fonte: World Urbanizarion Prospects. Elaboração Própria.

































Tóquio crescerá ligeiramente, em menos de um milhão de habitantes, passando de 36,67 milhões para uns modestos 37,09 milhões de pessoas. Deli também manterá a sua posição, mas recebendo mais seis milhões de habitantes. São Paulo será ultrapassada por Bombaim, que terá mais de 25 milhões de habitantes. Importa reter, no entanto, que, se hoje a Ásia tem 11 megacidades, a América Latina tem 4, África, Europa e América do Norte têm 2 megacidades cada, em 2025 - quando existirem 29 megacidades no mundo - a Ásia terá aumentado o seu número para 16, a América Latina para 6 e a África para 3. Somente a Europa e a América do Norte continuarão com 2 megacidades cada. Isto significa que, pela sua importância global, esta evolução deve ser encarada não apenas a partir de uma análise dos seus ritmos mas olhando, também, para as suas geografias, na medida em que o crescimento urbano estará fortemente concentrado num pequeno número de países.
Face a estes dados, valerá a pena perguntar o que fazer com estas pessoas. Como garantir serviços e infraestruturas básicas que forneçam condições de vida dignas a estas pessoas? Como organizar sistemas de transportes, comunicações, água, eletricidade e saneamento nestes aglomerados com cerca de 30 milhões de habitantes?
E fará sentido continuar a falar de cidades?
Na verdade, considerando o rápido crescimento urbano que se afigura para os próximos anos, é necessário, na visão de Carlos Fortuna, “saber se seremos capazes de construir a cidade que imaginamos”. Para tal, será preciso saber o que constituirá, no futuro, uma melhor cidade. E, finalmente, saber se a sociologia urbana contemporânea terá condições de se desenvolver para permitir o entendimento das realidades urbanas do futuro. Na visão do autor, “só no cruzamento de diferentes campos discursivos e tradições intelectuais [poderá] a cidade reencontrar-se na plenitude da sua multivocalidade e polivalência”. Com as realidades urbanas que se prevêem, o cruzamento interdisciplinar será, mais do que uma mais-valia para o progresso do conhecimento científico, uma necessidade para assegurar níveis mínimos de habitabilidade e sociabilidade urbanas.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Comentários

  1. Novo documento já publicado com dados atualizados: "World Urbanization Prospects, the 2011 Revision".
    Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wup/index.html.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Não hesite em deixar o seu comentário. Obrigada.